Agitada que estou, danço com a pouca calma que me resta na tentativa de me concentrar. As palavras fogem a uma velocidade feroz, o coração treme de tristeza e a vontade de cair no fracasso das lágrimas torna-se demasiado intensa. Mas peço-me tranquilidade e subitamente mergulho na minha realidade.
Ingrata seria se desprezasse tudo o que ele fez por mim. A garra com que sempre lutou pelo meu sorriso, como sempre se debateu com a angústia que tantas vezes me agarrou. A forma como me amparou as quedas, aquele abraço que não me deixou sozinha, as gargalhadas que me seguraram, a mão que eu pensava estará sempre unida à minha.
Mas de repente observo o que nunca pensei ser possível. O rosto que sempre me dera aquela expressão carinhosa, dava-me agora frieza. Palavras ditas com toda uma força negativa, que me atingiram, me magoaram como já outros o fizeram. Esses mesmos que sempre detestaste.
É isso que não consegues ver. A maneira como criticas o que eu gosto, como me deitas abaixo, como vibras com intrigas, como chegas a ser incoerente. Não aceitas que estiveste mal.
Só eu sei o quanto me dói estar longe de ti, mas que alternativa me dás quando tu mesmo já fizeste a tua escolha?
Preferiste apoiar quem não tem credibilidade (conheci-a assim por ti, pelo que dizias), preferiste ficar de costas viradas para o que eu sinto. Não te vou julgar por teres optado assim, fazes o que quiseres, mas rói-me a alma saber que não estás aqui do meu lado. Pela nossa amizade.
Já te deste muito a mim, sei bem disso, e por isso fiz uma escolha também.
Os meus problemas, as minhas angústias, o meu momento mais triste... nunca mais serão um obstáculo para ti. Acredita. Afasto-me para não te magoar mais, para não ser mais uma vida a amparar, para ser menos um peso nas tuas costas.
Do fundo do meu coração, obrigado por tudo o que fizeste por mim. Serás sempre aquela pessoa especial.
Despeço-me com a lágrima gelada a passear-me no rosto...
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